Ela é uma simpatia, um exemplo de pessoa e de dubladora. Carmen Sheila ou Sheila da Silva e Sousa Nasceu Dia 23/03 de 1944 foi casada duas vezes porém hoje é viúva, tem apenas um filha e dois netos que ela mesmo diz serem “terríveis”, mas como toda avó de bom coração demonstrou muito amor por eles. Essa mulher de 1,50 cm faz jus ao ditado que “tamanho não é documento”. Além de excelente atriz de dublagem, hoje ela também é diretora na Dublagem, contratada atualmente pela casa Herbert Richers. Começou sua carreira de atriz lendo e interpretando poesias na escola e aos onze anos de idade veio a trabalhar na Rádio Nacional, onde participou do elenco do Rádio Teatro durante trinta e três anos. Ao longo desse período, uma de suas colegas que protagonizava a série ficou doente e por isso teve que passar sua personagem a Carmen Sheila. Durante essa série ela conheceu um dos grandes heróis da Dublagem e do Rádio - Milton Rangel. Ao conhecê-la, Milton não se conformou em saber que ela não dublava e a partir daí ele a levou aos estúdios e ensinou a ela tudo que ela sabe. “Se hoje eu dublo, eu agradeço a ele. Infelizmente ele já é falecido, mas foi uma pessoa que marcou muito a minha vida”, diz Carmen Sheila. Apesar de grandes momentos na Dublagem o que mais marcou foi ter dublado “Pássaros Feridos” de 1983. Hoje com seu trabalho de direção, ela tem dublado um pouco menos. Contudo ela não pode deixar de dublar algumas celebridades como Julie Andrews, Katie Davis, Cher entre outras. Apesar de dublar as celebridades citadas ela, assim como muitos dubladores, concordam que seria bem melhor se os dubladores pudessem dublar com mais freqüência as celebridades que estão marcadas por suas vozes na versão brasileira. De todos os personagens que ela já dublou o que mais marcou e que ela ama é a Felicia de Tiny Toons, além de ter dublado e se apaixonado pela personagem de Julie Andrews no Filme “Nossos Filhos”, que na sua opinião muitos pais deveriam assistir pelas inúmeras mensagens que o filme passa. Dentre as inúmeras novelas, ela gostou muito de dirigir “Alegrifes e Rabujos” novela mexicana que passou no SBT em 2004, mas apesar de todos os trabalhos ela não pode deixar de dizer que dublar um bom longa metragem a deixa muito feliz.
De todos os dubladores que conhece fica difícil citar o nome de todos aqueles que ela admira não só pelo trabalho, mas sim pela pessoa que cada um deles é. Porém na direção ela afirma com toda a precisão que “Marlene Costa” é a melhor das melhores. Há algum tempo ela dublou um filme e foi dirigida pela filha da Marlene Costa - Fernanda Fernandes, afirmando com todo bom humor que deve estar no sangue esse talento, pois ela ficou encantada com sua direção.Trabalhando com freqüência como diretora, ela adorou dirigir alguns longas e também gosta muito de dirigir novelas, pois você faz um exercício diário, que falando nisso começou dividindo direção com a Marlene Costa a quem ela deve muito se tratando de direção. Embora esteja dirigindo bastante ela prefere, com toda certeza, dublar, pois “é nesse momento que coloca pra fora a atriz que está dentro dela”. Com tantos anos na carreira, ela sabe dizer a diferença entre a dublagem de ontem e hoje no Brasil. Em sua opinião muitas coisas melhoraram como, por exemplo, a tecnologia. E outras pioraram como a atuação, o que faz a dublagem hoje em dia ser mais técnica do que artística, pois as vozes ficam sempre no lugar certinho, mas às vezes a interpretação não é tão maravilhosa. E que na sua opinião a interpretação é a principal característica de um bom dublador. Apesar da contínua insistência da mídia em querer colocar atores de televisão pra fazer dublagem ela diz que não vai contra nenhum deles, pois para dublar tem que ser ator mesmo, mas o que a deixa muito triste é escalar alguém que esta na mídia sem capacidade de dublar para substituir um bom ator de Dublagem e ainda pior é pegar um dublador excelente para servir de guia pra alguém inapto que muitas vezes ganha muito melhor que o dublador.
Apesar de ter dublado muitas crianças, hoje ela não gosta muito. Em sua opinião criança tem que dublar criança pois adultos as dublando fica muito caricato além de hoje existir excelentes atores mirins que não deixam a desejar, já que são inúmeros os cursos preparatórios não somente para crianças mas para adultos também. Falando em escolinhas, ao contrário de muitos atores na dublagem, ela dá o maior apoio para as escolas de dublagem, pois ela e todos sabem que não vai viver pra sempre. Porém ela é contra a enganação, pois existem muitos cursos com dubladores que não fizeram quase nada no mercado e que iniciam um curso apenas pelo dinheiro, além de que muitas pessoas vão aos concursos enganados achando ser pouco necessário ter um registro de ator, e nesse ramo se sabe que o que conta mesmo é o registro, pois com curso e sem registro de nada adianta. Falando da concorrência na Dublagem do Rio e São Paulo ela não deixou de expressar sua opinião dizendo ser muito triste este fato, pois em diversas situações a discordância afeta tanto Rio como São Paulo como, por exemplo, o cachê que muitas vezes é mais baixo em São Paulo para garantir a clientela. Apesar de tudo a diferença na atuação e edição tem melhorado muito em sua opinião, é pouco perceptível hoje à diferença de qualidade apesar de muitos ainda acharem que a dublagem paulistana deixa a desejar. O Reconhecimento do dublador. Na opinião de Carmen Sheila isso tem muito a melhorar, pois só uma meia dúzia de pessoas sabe o nome dos atores que fazem a versão brasileira das celebridades mais famosas do mundo. E como se não bastassem seus nomes são cortados do final dos créditos de filmes, desenhos, etc, apesar de ser um direito ganho por eles há algum tempo. Com isso nem da parte das produtoras há reconhecimento dos dubladores a não ser quando é uma celebridade, pois nesses casos o nome já vem creditado no começo do filme. Freqüentemente ouvíamos dizer o nome das empresas de dublagem no começo, como todos nos podemos lembrar: “Versão brasileira...”. Mas segundo Carmen Sheila isso se dava, pois na maioria das vazes uma empresa em comum anunciando seu nome para mostrar que a dublagem era de qualidade, pois não é de hoje que muitos ainda têm um conceito pré-formado sobre dublagem ser ruim.
Em nossa entrevista uma das perguntas que os fãs queriam fazer é se ela é abordada com freqüência por causa da voz e ela mais do que depressa afirmou apesar de ouvir coisas do tipo “A Senhora trabalha na televisão”, e ela dizia muito bem humorada “Não eu não trabalho na televisão, mas minha voz esta sempre lá”, segundo ela é gratificante alguém reconhecer sua voz, porém, ao mesmo tempo, triste saber que conhecem sua voz mas não seu nome.
Thundercats
A mais esperada parte da entrevista. Sem fazermos muitas perguntas a dubladora Carmen Sheila contou-nos inúmeras coisas. O que ela começou dizendo foi: “O que eu posso dizer de Thundercats é que na época foi um grande sucesso”, nos contou que na época a mídia vinha procurá-los e sempre pediam para eles fazerem o grito de guerra que arrepia todos os fãs “Thunder, Thunder, Thundercats hoooooooooo”. Nisso não só ela como os outros dubladores ficavam sempre com muita vergonha, mas eles iam pro cantinho fazer escondidos. Foi uma experiência maravilhosa segundo ela, pois na época eles iam pra bancada de dublagem todos juntos, ao contrário de hoje, em que a dublagem é individual. Ela adorava dublar a Cheetara, pois ela fazia uma voz muito madura e sexy o que dava aquele toque misterioso cativante na nossa querida Thunderiana. O ator falecido Newton da Matta era um ótimo dublador, porém em sua opinião era melhor diretor e ela nos surpreendeu dizendo que ele além de dublar o famoso Lion também dirigia a série. Além de tê-la dirigido em “Pássaros Feridos”, eles não tinha uma amizade próxima, mas era um ótimo profissional, e não deixou de dizer que a dublagem sentiu muito sua perda apesar dele ter ido pra São Paulo há alguns anos. Com o Silvio Navas (dublador do Mumm-Ra) era a mesma coisa: tinha uma amizade mais profissional do que pessoal. Falando de elenco ela não se lembra de todos, mais dos principais. Conversando sobre elenco ela contou-nos que na época o dublador do Tygra se casou com uma das filhas do Newton da Matta, ela não lembra o nome dele, pois ele mais trabalhava como locutor da Rádio Tupi do que na Dublagem, então pouco se viam. Perguntamos a ela qual dos dubladores de Thundercats ela tem mais contato até hoje e ela nos disse que de todos apenas o Élcio Romar, dublador do Snarf, tem encontrado com ela, e que também não deixou de citar que ele é um excelente profissional. Hoje infelizmente ela não é reconhecida como a Cheetara pela sua voz até mesmo porque ela impostava a sua voz pra dublá-la. As pessoas ainda a reconhecem mais como dubladora Felicia de Tiny Toons que lembra mais a voz natural dela. Ela não tem nem uma notícia sobra o longa que vão fazer dos Thundercats, mas ela adoraria dublar novamente. Contudo, não se sabe pois na dublagem esta havendo inúmeras substituições injustas e não deixou de citar o filme dos Simpsons, em que alguns foram lamentavelmente substituídos.
Nós encerramos a entrevista com uma declaração dela pra os fãs dizendo que agradece infinitamente pelas pessoas que procuram saber quem ela é. Ela se sente muito feliz em saber que ainda hoje as pessoas querem saber sobre ela, e fica emocionada em saber que ela fez parte da infância de milhões de brasileiros, dublando não só Thundercats mas outros vários desenhos famosos que estão até hoje na mídia.
Não podemos deixar de agradecer a essa atriz exemplar que nos deu sua atenção, apesar de não sermos profissionais de jornalismo e sim meros admiradores do seu trabalho. Contou-nos tudo o que queríamos saber e não se negou a responder nem uma de nossas perguntas.Aqui vai um obrigado por tudo, não só de Wagner Follare (Entrevistador) Bia Lães (Fotógrafa) mas de todos os que admiram o seu trabalho e de todos os dubladores desse desenho que tanto amamos.
OBRIGADO!!!
2 comentários:
Adorei a entrevista !!!Vocês estão de parabéns :)
Valeu Rodrigo! Eu admiro muito o trabalho dos dubladores.
Postar um comentário